sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Cordel



Francisco Ferreira Filho Diniz
Literatura de Cordel
É poesia popular,
É história contada em versos
Em
estrofes a rimar,
Escrita em papel comum
Feita pra ler ou cantar.

A capa é em xilogravura
Trabalho
de artesão
Que esculpe em madeira
Um
desenho com ponção
Preparando a matriz
Pra fazer reprodução.

Os folhetos de cordel
Nas feiras eram vendidos
Pendurados num cordão
Falando do acontecido,
De amor, luta e mistério,
De fé e do desassistido.

A minha literatura
De cordel é reflexão
Sobre a questão social
E orienta o cidadão
A valorizar a cultura
E também a educação.

Mas trata de outros temas:
Da luta do bem contra o mal,
Da crença do nosso povo,
Do hilário, coisa e tal
E você acha nas bancas
Por apenas um real.

O cordel é uma expressão
Da autêntica poesia
Do povo da minha terra,
Que luta pra que um dia
Acabem a fome e miséria,
Haja paz e harmonia.
Os folhetos de cordel brasileiros, com seus múltiplos temas e expressiva forma de composição poética, têm sido objetos de estudos para pesquisadores do nosso país e também estrangeiros. Os textos de cordel poeticamente estruturados, tendo a sextilha como estrofe básica, são ilustrados com xilogravuras, chichês de cartões postais, fotografias, desenho e outras formas de composição gráfica e oferecem farto material para pesquisas, ensejando variadas interpretações que remetem para o contexto sócio-cultural em que se insere cada texto. Assim, os folhetos sobre os mais diversos temas, tradicionais ou contemporâneos, são versejados por inúmeros poetas populares, estabelecendo-se relações icônico-textuais significativas, ou outras intratextuais.
Numa tentativa de sistematização para estudos, dividimos os folhetos de cordel brasileiros em dois grandes grupos: a) os que versam sobre temas antiqüíssimos herdados da tradição ocidental ou oriental; b) aqueles cujos relatos estão mais diretamente relacionados com o contexto brasileiro e com características basicamente nordestinas.
 Afinal, a chamada literatura de cordel, no Brasil, não morreu; está completando cerca de cem anos bem vividos. Esse gênero de poesia popular impressa, que ocorre especialmente no nordeste, passou a ser valorizado por brasileiros depois de um artigo de Orígenes Lessa na revista Anhembi, publicado em dezembro de 1955, e talvez principalmente depois de outro artigo, do estudioso francês Raymond Cantel, publicado no Le Monde de 21 de junho de 1969. A partir de inícios da década de 70, o assunto virou coqueluche para estudiosos brasileiros, formando-se considerável bibliografia em que se incluem teses e mais teses. Também muitos artigos foram publicados, inclusive de interessados de última hora que se precipitaram em afirmar, de pés juntos, o fim do cordel. Vinte anos depois, podemos observar que — a despeito de estar implícito no dinamismo sócio-cultural o possível desaparecimento de traços folclóricos — o cordel continua vivinho da silva.
FONTE: http://literaturadecordel.vilabol.uol.com.br/

Autoras: Ana Rita Jora, Eliana A.A.Dorff, Juliana M.Zamboni e Shirlei G.da Silva

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